O pior de tudo (muitos se enganam) não é perder
um grande amor, não é ser traído ou nunca ter amado. O pior é a homofonia do
amor.
Quando achamos que alguém pensa em nós
e o amor passa a saber a amêndoa amarga ao descobrimos que afinal não
passávamos apenas de uma, e só uma noz.
E o pior de tudo é quando nos agarramos a alguém
como hera
nas paredes de uma casa antiga e quando o sol se põe, tira-nos o presente,
dá-nos o pretérito imperfeito, manda fora o agá e o nosso amor já era.
Parece até que me tiram o chão dos pés quando eu
lhe digo palavras doces ao ouvido e ele com tanto carinho ouve, até ao dia em que
cego, surdo e mudo por outra canção fica, e aquilo que havia, passou a houve.
Achamos nós, quando o amor é verdadeiro que
cantamos a uma só voz o refrão do sentimento verdadeiro. E quando chega o momento
decisivo, do eu passar a nós, eis que me surpreendes: tu passas a vós.
Primeiro fazem-nos sentir realeza, de dia
rainha, há noite princesa. Românticos. Levam-nos a passear à vila, de coche ao paço.
E, mal damos por ele, o azar vem e troca-nos o passo.
São para mais de cem os casos de homofonia
que eu conheço, que começam com muitas juras e acabam sem jura nenhuma.
Já chega de homofonia no amor, vamos agora e já procurar
a concordância no verbo amar.
Gostei desta homofonia. :)
ResponderEliminarContinuo a não gostar é destas malditas palavras de confirmação. Ahahah
ahahahah fantástico :) gostei
ResponderEliminaruau fantástico mesmo! :')
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