talvez

Ela não percebia, por que razão todas as pessoas pareciam agir normalmente quando o mundo tinha acabado.

Ela estava sentada a um canto do café. Cabeça baixa, mão a segurar a cabeça e uns olhos que gritavam mágoa a todos os que estavam em seu redor. Não parecia estar a fazer um grande esforço para se distrair. Na verdade, toda a sua postura era de derrota.

Era óbvio que o sabor do café já não era o mesmo. Nunca mais voltaria a ser o mesmo, disso ela tinha a certeza.

O rapaz do café, que já a observava há algum tempo, sentou-se à sua frente, mesmo sendo essa a primeira vez que a via por ali. Não disseram uma palavra. Ele ficou a olhar para ela e a sorrir. Ela, por sua vez, um pouco incomodada, tentava desviar o olhar ao mesmo tempo que procurava as palavras certas para dizer alguma coisa.

O chefe do rapaz chamou-o e ele ao levantar-se, disse apenas:

- Amanhã sirvo-lhe o melhor café que já provou, mas em troca quero um sorriso.

Foi então que a rapariga percebeu a razão de todos estarem a agir de forma normal. Talvez o mundo…