Tu queres inventar o que ainda não foi
inventado. Queres ser o primeiro a ter a ideia. Aquilo que mais desejas é
descobrir o que ainda nem se sabe que existe. Tu queres ter ideias luminosas e
pensamentos nunca antes falados. Tu és aquele que sonha e que ambiciona ser o
criador. Tu queres ser Deus.
Tu queres ser revolucionário mas esqueceste que
o importante já foi inventado. O que tu queres a mim já não me encanta. O que
tu queres, a mim já não me fascina. Gosto do teu lado sonhador mas isso já não
me chega. Inventar o quê de novo? Já tanto foi modificado. Já tanto foi
experimentado. Já tanta pureza foi sujeita a transformações. Basta!
Não queiras criar. Não queiras ser vanguardista.
O necessário a ser inventado, já o foi. Quereres ir além do que já foi
inventado é um sortilégio. Disponibiliza antes o teu tempo para cuidar do que
já está inventado. Valoriza a pureza das coisas que estão à tua volta. Aprende
antes a estimar as emoções verdadeiras. Não cinjas o teu olhar apenas ao que te
aparece à frente. Aprecia as boas energias que te enviam. Admira o importante
que já foi inventado com a ajuda de pinturas, esculturas, aromas e sons que
ficam no ouvido. Como se fosses uma criança, deslumbra-te com o que está à tua
volta. Elas todos os dias valorizam as coisas importantes à sua maneira. Não
desprezes nunca aquele que repudia o novo ao invés do genuíno. Não troques o
importante que já foi inventado pelo novo que nem se consegue bem definir.
Procura tu também ser autêntico em vez de te vestires artificial. Não queiras
ter ideias que nunca ninguém ousou ter. Isso não fará de ti, comparando com os
outros, um ser mais especial. Sê tu mesmo, sem tirar nem pôr, estupidamente
normal.
E apesar de tudo, eu lá no fundo sei.
Há-de chegar o dia em que tu inventas o mundo e
eu já cá não estarei. E, no entanto, que peso tem este texto que eu própria
inventei?
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